Glicose-6-Fosfato

Se você reparar no quadrinho abaixo, vai perceber rapidamente o papel central da glicose-6-fosfato no metabolismo:

Ela mal é formada, e já tem vários caminhos a decidir! É como um labirinto, onde cada caminho que se toma mostra uma recompensa no final.

Tudo depende das necessidades orgânicas de cada hora (ou, mais precisamente, de cada fração de segundo). Se, por exemplo, a necessidade imediata é energia para o anabolismo (reações acopladas ao ATP), a G-6-P (apelido da "criança", para encurtar) seguirá o rumo da glicólise, para formar o ATP necessário para as tais reações (* o termo "formar ATP" pode gerar confusão: é a colocação da terceira ligação fosfato no ADP, não a criação da adenosina + 3 fosfatos inteira!). 

Se, no entanto, os estoques momentâneos de ATP estão "em dia", a G-6-P segue um dos dois destinos: estocagem (formação de glicogênio, a glicogênese) ou a via das pentoses-fosfato (formação de nucleotídeos e coenzimas, todos da mesma matriz de açúcar - pentose). 

*Quando se fala em formar nucleotídeos, aí sim, estamos falando em criar a molécula toda do ATP (adenosida trifosfato, que é um nucleotídeo, como o DNA ou RNA), entre outros!

E a G-6-P reverte imediatamente à glicose novamente (visto que há "flechinha" em sentido contrário)?

Ainda que haja uma pequena "flechinha" indicando a reversão, ela praticamente não ocorre. Uma vez que a glicose é fosforilada, o transportador que carregou a glicose para dentro da célula não reconhece mais a glicose ("Você não é mais a mesma glicose de antigamente! Snif!"). Ela permanece, então, presa na célula para seus destinos programados (e se não é a "mesma glicose", mais glicose segue entrando na célula, pois a célula percebe a necessidade de mais).

(a G-6-P é como aquele "tubo" dos parques aquáticos: cruzou os braços, deu o empurrão...foi! Não tem sentido em tentar voltar para trás!)

Outro detalhe importante:

Estamos falando aqui da G-6-P "que foi" ("de costas", por assim dizer!). A G-6-P "que veio" ("de frente, com os braços abertos", da degradação do glicogênio estocado, pela glicose-6-fosfatase hepática), claro, servirá a fornecer de glicose as células (glicolítica) fácil, fácil!