Oxalacetato (Chavinha)


Os músculos "quebram um galho" com os corpos cetônicos como fonte de energia, certo?
Certo. E alguns tipos de músculo (como o cardíaco) até os preferem! Mas para isso, precisam da entrada de oxalacetato no ciclo de Krebs! Os corpos cetônicos não são "energia pronta": precisam ser transformados em acetilCoA para produzir energia via ciclo de Krebs. 
Sem oxalacetato suficiente, não há a presença dos quatro carbonos para se combinarem à acetilCoA para seguirem no ciclo.


De onde vem o oxalacetato?
Essencialmente da transformação (carboxilação) do piruvato. Que por sua vez, depende essencialmente da glicólise. Lembre-se que "a roda não gira para trás" dentro do ciclo de Krebs! Então a acetilCoA não pode se transformar em oxalacetato. Além disso, parte do oxalacetato é utilizado para a formação de aminoácidos (quando existe em quantidade suficiente).
O oxalacetato funciona, então, como uma "chavinha" metabólica:
Quando há glicose suficiente (ou, mais exatamente, abundante) o ciclo "corre": há a formação de piruvato, que irá formar oxalacetato, utilizando a acetilCoA (também da própria quebra da glicose) para a criação de ácidos graxos (no citosol) e, a partir daí, triglicerídeos para depósito (lipogênese).


Quando há pouca glicose o ciclo "não anda o suficiente": há pouco piruvato sendo formado (e, por consequência, pouco oxalacetato). A acetilCoA (essa da quebra dos ácidos graxos, pois não há glicose!) então, não entra no ciclo de Krebs e irá formar (na união de duas de suas moléculas) os corpos cetônicos.


Mas... espera! Se eu estou querendo utilizar corpos cetônicos e não há glicose (e oxalacetato), como faz?
É o caso da diabete. Na diabete dentro da célula há pouca glicose (fora há muita!). E os corpos cetônicos são produzidos em maior quantidade por isso. Corpos cetônicos formando acetilCoA em grande quantidade sem o aporte de oxalacetato leva a superprodução de corpos cetônicos, que são ácidos, num ciclo vicioso (cetoacidose diabética)

Uma maneira de pensar essa situação é a seguinte:
O ciclo de Krebs é uma "roda". 
Essa roda é de esponja quando há glicose suficiente (seus componentes são absorvidos no ciclo para serem transformados em energia final).
Essa roda é de metal quando não há glicose. A acetilCoA "bate e não entra": forma corpos cetônicos. E o seu precursor (piruvato) forma oxalacetato para ser utilizado como um dos substratos da gliconeogênese. 

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