O Piruvato e a Alanina (Seis e Meia Dúzia?)


Vale a pena você gastar um meio minutinho contemplando as fórmulas do ácido pirúvico e do aminoácido alanina. Eles são parentes muito próximos, e se convertem um no outro a todo momento:


Uma beleza, a simplicidade de ambos: três carbonos, um "com nada" (me permito de chamar de "nada" um carbono com somente átomos de hidrogênio), outro com a famosa "ponta" carboxílica e, aí, a diferença: no carbono central a carbonila (típica do cetoácido, o ácido pirúvico) ou o grupo amina (típica do amino ácido). 
Essa simplicidade (e semelhança) tem um motivo. Neste ciclo (chamado ciclo glicose-alanina, pois o ácido pirúvico provém da quebra da glicose - a glicólise - no músculo, também chamado de ciclo de Cahill) o músculo "fabrica" a alanina (como etiquetando o piruvato com um grupo amina, pois o músculo funciona como um "depósito protéico", e proteínas são formadas por blocos de aminoácidos) para ser destinada ao fígado. Lá, o fígado "decide" se (ou o quanto) o grupo amina vai ser "jogado fora" na formação de uréia, transformando novamente a alanina em piruvato (e o piruvato em glicose, numa "reversão" custosa - em gasto de ATP - da glicólise, quando necessário).


Se pra você também pareceu um pouco "seis por meia-dúzia" esse ciclo, bem-vindo! Pra quase todo mundo parece, inicialmente. 
Mas esse ciclo tem como uma das principais finalidades reciclar (em alta rotatividade) as proteínas orgânicas e fornecer um dos substratos para a gliconeogênese.

Ou seja, o ciclo glicose-alanina somente entra em ação em situações de catabolismo (destruição de proteínas e formação da uréia para ser eliminada).

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