Gliconeogênese (e outras conversões)


Vale a pena a gente parar para pensar um pouco nas conversões entre os três macronutrientes para fixarmos alguns conceitos bioquímicos. O que se converte no que no nosso organismo? Vamos lá:
Glicose se converte em gordura?
Essa é fácil! Quase todo mundo sabe que sim! Sabemos por que: com excesso de carboidratos há maior quantidade de acetilCoA "alimentando a roda" do ciclo de Krebs. Com mais citrato se formando, maior formação de ácidos graxos no citoplasma.
Glicose se transforma em proteína (ou em aminoácido)?
Não! Não há como "encaixar" uma amônia nas cadeias carbônicas ingeridas sem a presença dela (por isso as proteínas são macronutrientes tão nobres - e caros!).
Proteína se transforma em gordura?
Também fácil! Sim! Basta observarmos na prática as pessoas que se empanturram com proteínas: engordam! Diferente do acrescer nitrogênio (impossível), a perda do nitrogênio do aminoácido é sim, possível (o aminoácido alanina é o maior exemplo: desamina para gerar piruvato e, após, glicose no fígado). Se se transforma em glicose, pode gerar gordura também. 
Oops! Já dei a resposta da próxima pergunta:
Proteína se transforma em glicose?
Sim (explicado no parágrafo acima)...
Gordura se transforma em proteína?
Não. Pelos motivos expostos anteriormente (a impossibilidade de botarmos uma cauda de nitrogênio, lembra?).
Gordura se transforma em glicose?
Não. Mas a resposta é um pouquinho mais complexa. O processo da gliconeogênese (criação de glicose a partir de outro macronutriente) merece um capítulo à parte. Os triglicerídeos (moléculas de reserva de gordura), por exemplo, fornecem na sua quebra o glicerol. E o glicerol é utilizado para "criação" de glicose. Alguns raros ácidos graxos de cadeia ímpar de carbonos deixam na sua quebra uma molécula de propionilCoA (uma acetilCoA com um carbono a mais) como "resto", também um substrato para a gliconeogênese.
Como dica final, para facilitar a memorização "eterna":
O aminoácido, muito nobre, nunca pode ser inventado a partir de nada.

A gordura, "cheia de frescura", é facilmente criada, mas não quer se transformar em quase nada! (o "quase" por conta da gliconeogênese).

Comentários