Lactato e Acidose Lática


Quase todo mundo costuma pensar:
"O acúmulo de ácido lático leva à acidose" (ácido, acidose, parece meio óbvio)
Mas está incorreto (e, pra variar, é mais complicadinho que isso, e um problema é que muitos livros de Bioquímica preferem nem falar - até porque são um bom "pano pra manga", com discussões teóricas acaloradas!).
O ácido lático tem um pK muito baixo, de 3,9. Isso significa que no pH sanguíneo quase todo ácido lático é, na verdade, lactato, o seu sal, pois desprotonado nesse meio. 
Sal de que? Sal de sódio, por exemplo. Ao utilizar os cátions (como o sódio) que o sangue possui para neutralizar o ânion lactato, o pH sanguíneo tende a cair (da relação existente na eletroneutralidade, quando um hidrogênio "toma o lugar" de um outro cátion no sangue - aquele próprio que foi utilizado pelo ânion lactato). 



Como na condição de anaerobiose a célula se obriga a "trabalhar a todo vapor" (criando muito lactato, pois só assim ATP suficiente é gerado), a partir de certo momento essa transferência de íons hidrogênio que se faz via reoxidação do NADH (reação de oxiredução acoplada à produção do lactato, gerando NAD+ para "ir buscar" novos íons hidrogênio) se esgota (já que o caminho não segue para a fosforilação oxidativa, caso da aerobiose), gerando acúmulo de hidrogênio (mais ou menos assim: chega uma hora que falta "caminhãozinho" para tanto hidrogênio liberado).


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